Um mês após as eleições legislativas checas: uma mudança no ar?

Surpresa, euforia e grandes expectativas, por um lado, e desilusão e tristeza, por outro – este é o breve panorama das eleições legislativas checas que tiveram lugar no mês de outubro.

Os resultados finais das eleições parlamentares checas foram saudados com alívio porque salvaram a reputação de uma região que é muitas vezes mal vista na Europa Ocidental. Frequentemente, vista como uma região mergulhada em populismo, e, afastada de princípios democráticos. É a mesma sensação que se sentiu após a vitória de Zuzana Čaputová na Eslováquia em 2019 (atual presidente do país).

Voltando à República Checa onde resultou dessas eleições um outro facto importante e positivo, a saber, Andrej Babiš, primeiro-ministro, aceitou a derrota e vai entregar o poder sem grandes obstáculos. Não esqueçamos, porém, que a crise de saúde e energia que está a abalar toda a Europa, incluindo a República Checa, torna a entrega de poder mais fácil porque o Babiš quer livrar-se rapidamente da responsabilidade política. Ele já está a refletir sobre a sua candidatura presidencial, que representa para ele, um potencial refúgio diante de todos os seus antigos casos de corrupção . Além disso, o estado de saúde do presidente Miloš Zeman piorou consideravelmente após as eleições e houve várias especulações sobre a sua capacidade de ocupar o cargo de presidente.

Coalition PIRSTAN

No entanto, o certo é que a República Checa se mostrou como o país civilizado cujos valores democráticos correspondem aos padrões europeus. As coligações vencedoras – SPOLU e PIRSTAN (108 mandatos / 200 mandatos) – são também consideradas pró-europeias, e, o que se espera destes partidos políticos, é que a presidência do Conselho da UE ocorra sem grandes complicações. A Europa pôde finalmente respirar aliviada ao assistir aos resultados finais – nenhuma outra Polónia ou Hungria. A questão que se coloca agora: qual será a atitude do próximo novo governo checo em relação a Visegrád, Orbán ou Kaczyński?

A República Checa e a Eslováquia serão um contrapeso da Polónia e Hungria e dos seus governos autoritários dentro da estrutura dos países V4?

Coalition SPOLU

Surpresas, tristezas

Essas eleições também mostraram uma grande queda de votos na história do parlamentarismo checo – um milhão de votos. Como resultado, nenhum partido de esquerda entrou no parlamento e não está presente. É o movimento ANO de Babiš, que reúne o eleitorado comunista e sócio-democrata, embora o seu movimento seja caracterizado como centrista (-direito) e populista. Entre os Piratas, que conquistaram apenas 4 mandatos na coligação com PIRSTAN, nenhuma alegria da vida foi sentida, apesar de todas as pesquisas a favorecê-los na primavera. Os extremistas, representados pelo SPD e Tomio Okamura, ficaram bastante dececionados, só com 9% dos votos, as suas expectativas eram muito mais  altas.

Deixemos ver como esses 5 partidos políticos chegarão a um acordo sobre todas as questões sensíveis e atuais enquanto vão enfrentar Babiš e Zeman dos seus bastidores de política. Esses dois políticos fortes ainda não disseram a última palavra.

Fontes: DenikN, Novinky.cz

Napsat komentář

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.